terça-feira, 22 de novembro de 2011

Manifesto pelo HDFF

Manifesto – Hospital Distrital da Figueira da Foz EPE

O Hospital Distrital da Figueira da Foz, E. P. E. é muito mais do que uma conquista de Abril. É uma conquista desta cidade e do seu concelho, assumindo um cariz tanto mais importante quanto a sua própria designação o atesta ao classificá-lo como "distrital".

Sendo o mais importante empregador do concelho, em termos de quadros especializados, o nosso hospital foi sendo, ao longo dos anos, alvo de ataques da mais diversa ordem, tendo o último acabado por privar a unidade da sua maternidade, colocando a gravidez no concelho num índice de risco digno do terceiro mundo, com os casos conhecidos de crianças a nascer na estrada - felizmente, até hoje, sem consequências graves para parturientes e recém-nascidos.

O nosso hospital, com as limitações próprias e conhecidas, ou impostas por diversos interesses, sempre aqui esteve, quase há 40 anos, conduzido por aqueles que o fizeram nascer, com profissionalismo reconhecido, dedicação (e, muito amor à camisola), cumprindo a sua missão, reconhecidamente competente.
A empresarialização do hospital não trouxe quaisquer benefícios nem à prestação de cuidados nem à qualidade dos mesmos, com pessoal médico, de enfermagem e auxiliar a prestar cuidados em condições cada vez mais difíceis, quer em termos técnicos, quer em termos motivacionais.

Agora notícias dispersas, mostram um novo esforço de “racionalização” (e de desumanização economicista), que, a concretizar-se, converterá o nosso hospital numa outra qualquer coisa, se não se estiver mesmo a pensar no seu encerramento, ou eventual privatização.

O que se pretende é, e para já, o encerramento do hospital de dia dos serviços oncológicos, que arrastará, a um mesmo tempo, o aumento dos custos para o utente e uma imensurável perda de qualidade de vida para o doente e seus familiares, com deslocações a Coimbra ou Lisboa e os prejuízos daí resultantes.

Ao mesmo tempo, prevê-se o encerramento do bloco operatório a partir das 02:00h, e a deslocalização da VMER, a viatura de emergência médica, o que, para além da consequente limitação de assistência na urgência, levará à desclassificação do hospital e à perda de qualidade de atendimento.

Não queremos, nem aceitamos, mais esta desvalorização do serviço público de saúde e, muito menos, esta desclassificação do Hospital Distrital da Figueira da Foz. Esta é uma situação intolerável com que não podemos contemporizar, pelo que se apela à indignação e oposição de todos os figueirenses, da população do concelho em geral, bem como dos concelhos limítrofes que se socorrem deste hospital.

Figueira da Foz, 19 de Novembro de 2011

1 comentário:

  1. No blogue "Outra Margem" coloquei um comentário ao depoimento de Mário Bertô, com mais alguma informação, que quero aqui deixar para memória futura. Cá vai:
    Concordo plenamente com o texto e aproveito para dar mais umas achegas.
    De facto o edifício do hospital da Misericórdia estava num estado deplorável, chegando a chover na mesa operatória. Havia um único enfermeiro de noite, que atendia a Urgência e as necessidades dos doentes internados. Caso considerasse necessário, chamava o médico para casa.
    O edifício da Gala estava equipado e pronto a funcionar como Centro de Reabilitação, tendo o mobiliário e equipamento sido desviado pouco antes da "ocupação" para diversos locais, entre os quais os estaleiros navais e o hospital dos Covões.
    Os médicos que vieram de Coimbra, os "7 Magníficos", eram os drs. Abílio Veiga de Oliveira, António Serrão, Alberto Seabra, Delfim Pena, João bento Pinto, Afonso Branco e Luís Santo Amaro.
    A primeira Comissão Instaladora foi constituída pelos srs. António Menano (gerente/administrador), dr. Joaquim Feteira, dr. Abílio Bastos, enf.º Armando Aleixo e enf.ª Piedade Bita.
    A abertura, Novembro de 1975, foi de emergência, com aviso 12 horas antes, para dar apoio ao surto de cólera que então grassava no país, tendo funcionado onde hoje é a enfermaria de Medicina. Com tão curto espaço de tempo para preparar a recepção aos doentes, os poucos trabalhadores existentes trabalharam 48 horas seguidas, para dar respostas a dezenas de problemas impensáveis, tanto a nível dos tratamentos como de energia eléctrica, águas, esgotos, etc.
    Com estes espírito de abnegação e competência de todos, chegou-se ao Hospital que hoje se pode ver, muitas vezes "caçando com um gato" e apesar dos gestores (?) que têm sido impostos por vias partidárias desde 1985. Basta dizer que, em 2005, cerca de 80% do equipamento tinha mais de 5 anos, o que em equipamento de electromedicina significa obsoleto.

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